ENTRE OS DEDOS


É como agarrar areia com as mãos, ela escorre por seus dedos e você se desespera tentando impedir, aperta mais a mão, mesmo assim a areia continua escapando, quanto mais você tenta, mais escapa, você enlouquece por não conseguir evitar, se decepciona com sua incapacidade de controlar a situação, no final só sobra um grão no meio da palma da mão, um grão que só te faz lembrar que ali tinha milhares de grãos, que você deixou escorrer pelos seus dedos sem nem saber por quê, sem conseguir impedir e você se entristece mais um pouco, se sente tentado a pegar a areia do chão, mas percebe que vai acabar perdendo o grão que ficou em uma das mãos, então usa a mão vazia e começa o martírio de novo por que só consegue pegar um pouco da areia e mesmo esse pouco começa inevitavelmente a deslizar por entre os dedos, só que dessa vez o vento começa a espalhar os grãos que caem para longe e você lembra que na outra mão ainda tem um pequeno grão e fecha a mão, mas todo o resto vai se perdendo sem que você encontre uma solução, ficando ali a olhar pro nada, com uma mão fechada, outra estendida vazia, um peito apertado e água nos olhos por causa da areia. É desse forma que nos encontramos em uma disputa desigual. Onde persuadir deixa de ser sua defesa, para te transformar em vítima do silêncio. 

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